A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em colaboração com o Instituto Datafolha, recentemente conduziu o inovador Censo SBOC da Oncologia Clínica. Durante os meses de maio a julho de 2023, 761 oncologistas clínicos vinculados à SBOC, distribuídos em mais de 200 municípios, foram minuciosamente entrevistados por meio de uma abordagem online, proporcionando uma visão abrangente da realidade da oncologia no Brasil.
Principais resultados do censo
Perfil dos Oncologistas: Gênero, Faixa Etária, Etnia e Orientação Sexual
A pesquisa permitiu traçar um perfil detalhado dos oncologistas, abrangendo informações como gênero, faixa etária, etnia, orientação sexual, formação acadêmica, titulação, perfil de pacientes atendidos e participação em pesquisas clínicas, epidemiológicas ou translacionais.
Os resultados mostraram que a especialidade alcançou a paridade de gênero, com as mulheres representando 50% dos seus profissionais; mas ainda há desigualdade no
quesito cor, com 81% de brancos, 16% de pardos, 2% de amarelos e 1% de pretos. A maioria (65%) se mostra satisfeita com a especialidade.
Outros dados mostram que existe uma diferença etária entre os oncologistas clínicos homens e mulheres: 55% delas têm menos de 39 anos, enquanto que 34% deles têm idade média de 46 anos. Em relação à orientação sexual, 94% se declaram heterossexuais,4% gays, 1% lésbicas, e outro 1%, bissexuais.
Desafios e satisfação profissional
Os resultados revelaram os principais desafios enfrentados pelos oncologistas no Brasil, desde a adesão da população a programas de prevenção e tratamento até o cenário dos diagnósticos tardios, acesso a novos medicamentos, financiamento e gestão dos sistemas de saúde. Além disso, foram avaliados os níveis de satisfação profissional, identificando o estresse como uma questão relevante, especialmente entre as mulheres.
Distribuição geográfica e ambiente de trabalho
A maioria dos profissionais reside em capitais e regiões metropolitanas (70%), enquanto 29% atuam no interior. Quanto ao ambiente de trabalho, 38% dos oncologistas estão no setor privado, 32% na rede pública, com a maioria atuando predominantemente na rede particular.
Desigualdades e desafios comuns
A pesquisa evidenciou desigualdades na experiência dos oncologistas, destacando desafios como dificuldades no acesso a novos medicamentos (54%) e altos custos de tratamentos (46%). Na rede pública, 65% relataram a falta de acesso irrestrito à tecnologia de radioterapia, enquanto 57% mencionaram dificuldade de acesso à cirurgia oncológica.
Saúde mental e comparação internacional
A saúde mental dos oncologistas clínicos brasileiros, embora necessite de aprofundamento, apresenta preocupações, alinhando-se com pesquisas internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, 42% dos oncologistas relataram sofrer de síndrome de burnout em 2019, indicando a necessidade de atenção a aspectos psicológicos na profissão.
Este Censo SBOC emerge como uma ferramenta valiosa para compreender a realidade e os desafios da oncologia clínica no Brasil, contribuindo para aprimorar políticas de saúde e apoiar a qualidade de vida dos profissionais envolvidos. O relatório completo pode ser visto aqui.
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