Dr. Leonardo Cordeiro de Paula, Cardiologista e Diretor Acadêmico da EBRAMED fala sobre os perigos do Tabagismo
É necessário desmistificar alguns conceitos envolvendo o tabaco e seus impactos na saúde. O que vem à mente, na maioria das vezes, é a associação direta dos efeitos devastadores do tabagismo apenas ligado às doenças pulmonares e aparecimento de cânceres. Porém, o que se sabe é que o tabagismo é um dos piores inimigos para a função cardiovascular.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. O estarrecedor é que, mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do produto. No Brasil, estima-se que, aproximadamente, 443 pessoas venham a óbito diariamente por causa do tabagismo. Durante a pandemia, mesmo com os cardiopatas sendo enquadrados no grupo de risco, ao que parece, os fumantes não abandonaram o vício.
Com relação às mortes relacionadas ao tabagismo, cerca de 37.686 mil correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33.179 às doenças cardíacas, 25.683 a outros cânceres, 24.443 ao câncer de pulmão, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao acidente vascular cerebral (AVC), de acordo com dados do INCA – Instituto Nacional do Câncer.
A nicotina é uma das 4.700 substâncias tóxicas encontradas no cigarro. Muitas delas são carcinogênicas. O cigarro é um dos maiores agressores e vilões para a parede celular que recobre os vasos sanguíneos, chamada de endotélio. O que acontece é que, ao danificar essa estrutura, há um desequilíbrio grande na produção de óxido nítrico e, com isso, as artérias ficam mais suscetíveis e pouco resistentes ao acúmulo de gordura.
Quem tem o hábito de fumar, mesmo não sabendo, pode reduzir em até 20 anos a expectativa de vida. Outras doenças ainda estão relacionadas a esse vício específico como angina, aneurismas, acidente vascular cerebral (AVC) e tromboses. Por essas e outras razões, é fundamental relembrar os malefícios que esse “tubinho inofensivo” causa, principalmente, ao coração e à qualidade de vida.
Triste realidade
Dados publicados pelo HCor (Hospital do Coração de São Paulo) mostram que, em 2021, o cigarro esteve relacionado diretamente a mortes causadas por câncer – cerca de 30% dos casos. Em seguida aparece o infarto agudo do miocárdio (IAM), em 25% dos pacientes. Já o acidente vascular encefálico (AVE) representou 50% dos óbitos registrados.
Esses dados são alarmantes pois, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo.
No coração, os efeitos são diversos, causados pelas substâncias tóxicas e pró-inflamatórias contidas na palha que forma o cigarro. As toxinas levam a inflamação das artérias cardíacas, contribuindo para o rápido crescimento de placas de aterosclerose (inflamação) que levam ao infarto, ou mesmo, causando efeitos nos vasos periféricos, alterando a pressão arterial que, por sua vez, contribui diretamente para o IAM e AVE.
Para que não haja dúvida da gravidade do tabagismo no sistema cardiovascular, foi publicado, em novembro de 2021, no Journal of the American Heart Association (JAHA), um estudo realizado com quase duas milhões de pessoas. Essa pesquisa evidenciou a relação direta de antecipação de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais em fumantes, além de haver 1.8 vezes mais chances de ocorrer um evento cardíaco grave nessa população.
Em resumo, um conselho para quem possui amor pela própria vida: o tabagismo torna-se proibitivo e, como noticia motivacional, artigos mostram que, após 10 a 15 anos após o abandono do vídeo, o risco da pessoa desenvolver doenças cardíacas e cânceres se iguala ao da população que nunca fumou.
Dr. Leonardo Jorge Cordeiro de Paula é cardiologista e diretor acadêmico da Escola Brasileira de Medicina (EBRAMED). É especialista em Gestão de Saúde e Educação, e atualmente é médico clínico pelo Incor – Instituto do Coração.
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