Conversa Sobre Hipertensão Arterial, Uma das Principais Causas de Morte no Planeta
Mais conhecida como “pressão alta”, a hipertensão é uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete cerca de 1,28 bilhões de pessoas no mundo. Essa condição aumenta significativamente o risco de doenças cardíacas, cerebrais e renais e é uma das principais causas de morte e doenças no planeta.
Por conta disso, em 17 de maio foi instituído o Dia Mundial da Hipertensão Arterial, com o objetivo de conscientizar a população sobre os cuidados e prevenção da doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o controle da pressão arterial reduz em 42% o risco de derrame e em 15% o de infarto.
Aproveitamos a data para conversar com o Médico Cardiologista do InCor, coordenador do curso de Pós-Graduação Coronariopatas Agudas e Doença Coronária Crônica e Diretor Acadêmico da EBRAMED, Dr. Leonardo Jorge Cordeiro de Paula. Confira a entrevista:
O que é a hipertensão? Existem vários tipos?
Hipertensão arterial sistêmica é uma nomenclatura de patologia associada ao aumento sustentado da pressão arterial acima dos níveis propostos pelas sociedades médicas, sendo o valor mais utilizado a pressão sistólica maior ou igual a 140mmHg e/ou a pressão diastólica maior ou igual a 90mmHg. Essa condição é uma das doenças mais comuns e alastradas pelo mundo, que oferecem aumento significativo do risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, neurológicas e renais.
Temos a hipertensão arterial primária como condição mais comum, onde não há causa evidente de seu surgimento; mas também existe a condição chamada de hipertensão secundária, na qual outra doença, como um feocromocitoma ou estenose das artérias renais, leva secundariamente ao aumento pressórico, podendo ser curada com o tratamento da doença de base.
Também é importante mencionar que hoje em dia temos o conceito de pré-hipertensão, quando a pressão arterial sistólica fica entre 120 e 139mmHg e/ou a pressão diastólica fica entre 80 e 89mmHg. Essas condições predispõem o desenvolvimento da hipertensão em si, sendo assim, a pessoa deve ser monitorada e adotar mudanças de estilo de vida.
Quais são os principais fatores de risco?
Os principais fatores de risco para Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), de acordo com as diretrizes nacionais, são:
• Idade principalmente acima de 50 anos;
• Prevalência parecida entre ambos os sexos, sendo mais comum entre homens até 50 anos, invertendo essa relação nas décadas subsequentes;
• Indivíduos não brancos;
• Excesso de peso;
• Sedentarismo;
• Ingestão aumentada de sal e álcool;
• Fatores socioeconômicos e genéticos.
Existem medidas de prevenção para a hipertensão arterial?
A forma de combater e prevenir a hipertensão arterial sistêmica é evitar os fatores modificáveis que estamos expostos, como o excesso de peso, praticando atividades físicas, reduzindo o consumo de sal e condimentos, mantendo uma alimentação balanceada e saudável, consumindo bebidas alcoólicas com moderação e evitando o tabagismo. Fatores como idade, raça e sequência genética sem enquadram como não modificáveis.
Quais são os sintomas e quando devo me preocupar?
O principal problema da hipertensão arterial sistêmica é que ela é, na maior parte dos casos, ASSINTOMÁTICA. Justamente por isso é tão perigosa, pois o indivíduo pode carregar por anos a condição que agride diversos órgãos de seu corpo, mas só se dar conta quando tiver o que chamamos de “lesão de órgão-alvo”, que se apresenta com um infarto, um acidente vascular (derrame) ou uma insuficiência renal.
Sintomas mesmo só ocorrem se o indivíduo passar por uma crise hipertensiva, tendo uma cefaleia de fortíssima intensidade, alterações visuais e rebaixamento do nível de consciência.
É muito importante salientar que aquela famosa “dor na nuca”, nada mais é do que um tipo de cefaléia (dor de cabeça) tensional, ou seja, quando a pessoa tensiona a região da nuca e ela dói, levando a um aumento secundário e situacional da pressão arterial. Assim, deve-se tratar a dor de cabeça e não a pressão arterial para resolução do problema.
Tem uma idade ou fase da vida em que o paciente está mais propenso a desenvolver hipertensão?
A hipertensão arterial sistêmica é mais vista em pacientes entre 30 e 50 anos de idade. Quando diagnosticado abaixo dos 30 anos, devemos buscar as causas secundárias para hipertensão e, acima de 50 anos, entra como fator de risco adicional, tendo fatores externos e o somatório de outras doenças da idade envolvidas no processo.
Quais são os principais cuidados e tratamentos?
O principal cuidado envolvido na patologia é a busca pelo seu diagnóstico, sendo fundamental a ida regular ao serviço de saúde para que haja a aferição da pressão arterial de tempos em tempos. Caso ocorra o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica primária, o tratamento não-medicamentoso (mudanças no estilo de vida, atividades físicas, etc.) deve ser imediatamente instituído.
Caso o tratamento medicamentoso seja indicado, sempre deverá ser iniciado com duas classes medicamentosas (terapia dupla) e monitorada de perto pelo médico, tanto para encontrar a dose ideal para controle pressórico, quanto para ajuste medicamentoso ao longo do tempo, caso as medicações prescritas não façam mais o efeito desejado. Lembrado que a disciplina é fundamental tanto para o sucesso do tratamento voltado para o estilo de vida, quanto para o uso regular das medicações indicadas para cada caso.
Dr. Leonardo Jorge Cordeiro de Paula é cardiologista e diretor acadêmico da Escola Brasileira de Medicina (EBRAMED). É especialista em Gestão de Saúde e Educação, e atualmente é médico clínico pelo Incor – Instituto do Coração.
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