A Pandemia COVID-19 iniciada no Brasil em março de 2020 como uma das maiores crises de saúde pública e social das últimas décadas, atingiu praticamente todo o planeta (World Health Organization [WHO], 2020a). Um evento como esse ocasiona perturbações psicológicas e sociais que afetam a capacidade de enfrentamento de toda a sociedade, em variados níveis de intensidade e propagação (Ministério da Saúde do Brasil, 2020a). Esforços emergenciais de diferentes áreas do conhecimento – dentre elas a Psicologia – são demandados a propor formas de lidar com o contexto que permeia a crise.
Para controlar e evitar uma maior transmissão do vírus várias medidas de foram utilizadas como quarentena, o distanciamento social e isolamento que ainda estamos vivendo, embora já tivemos uma flexibilização dessas medidas com riscos de retornar a um isolamento social mais rígido caso a transmissão do vírus continue aumentado, até a chegada da vacina o que pode levar mais algum tempo. Diante desse contexto ainda vivemos um aumento considerável além das questões de saúde pública, os problemas de saúde mental. Em pesquisa realizada na crise da COVID-19, verificou-se que, dentre 1.210 participantes, 53,0% apresentaram sequelas psicológicas moderadas ou severas, incluindo sintomas depressivos (16,5%), ansiedade (28,8%) e estresse de moderado a grave (8,1%) (C. Wang et al., 2020). Os maiores impactos foram verificados no sexo feminino, estudantes e pessoas com algum sintoma relacionado à COVID-19, bem como naqueles que julgavam sua saúde como ruim.
Vários projetos e serviços de atendimento em saúde mental durante e pandemia e mesmo com a flexibilização das regras de isolamento social continuam oferecendo atendimentos online realizados por psicólogos, médicos psiquiatras, enfermeiros e assistentes sociais que possuem espacialização em saúde mental e experiência profissional com manejo clínico para minimizar as crises de ansiedade, depressão e estresse. Diante dessas situações de crise emocional, há algumas diretrizes aos cuidados de saúde mental em síntese segue algumas recomendações:
Quanto aos cuidados emergenciais de atenção psicológica que foram propostos pela diretriz, o nível 1, tem prioridade porque nele se encontram, especialmente, as pessoas mais vulneráveis ao risco de adoecimento físico e mental. Além do tratamento medicamentoso, os cuidados recomendados a esse grupo se focam no apoio psicológico do paciente, com avaliação oportuna para condutas autolesivas e risco de suicídio. O nível 2 se refere às pessoas em isolamento por terem alguma proximidade com indivíduos confirmados para a doença, além daqueles em quarentena por terem tido contato com pessoas suspeitas de infecção. Já na população de nível 3 estão os indivíduos que tiveram contato próximo com os níveis 1 ou 2, ou seja, familiares, colegas, amigos e equipes de resgate. ( Faro et al., 2020).
Por fim, o nível 4 é composto pela população em geral, que não está nem na linha de frente e nem em medidas de isolamento ou quarentena; ou seja, são aquelas para as quais se recomenda o distanciamento social (NHC, 2020a). A intervenção proposta se direciona prioritariamente à população de primeiro nível, mas com foco gradual de expansão do cuidado psicológico para os outros níveis, alcançando-se, por fim, a população em geral. (Faro et al, 2020).
Todos esses níveis de emergência de atenção psicológica para contexto de crise e catástrofes são essenciais para minimizar a crise e as repercussões na saúde mental em tempos de pandemia, os atendimentos online tem se mostrado uma ótima alternativa para lidar com situações de crise de saúde mental, embora dependendo do nível de sofrimento psíquico como no caso de risco de suicídio, autolesão e uma crise psicótica necessário buscar um serviço de emergência médica, e se possível na área de psiquiatria para ser medicado e acolhido o quanto antes devido ao risco de vida. A pandemia do COVID-19 além de todas as repercussões na saúde pública que ainda vivenciamos, os atendimentos em saúde mental são sempre necessários sejam online, ou presencial quando possível, o mais importante que os governos, instituições de saúde, empresas invistam na prevenção e tratamento da saúde mental não só durante uma pandemia em todo tempo, sabemos que ter uma boa qualidade de vida, com a utilização de outros recursos como exercício físico, meditação, oração, ter uma uma rede de apoio social, incluindo família, amigos e comunidade, boas condições de trabalho e uma situação socioeconômica com acesso a alimentação, saúde e lazer contribuem fortemente para uma melhor condição de saúde mental e aprender a desenvolver a resiliência para o enfrentamento de crises em diferentes contextos.
Elaborado e Organizado por: Profª MSc. Adriana Moro Maieski
Coordenadora do Curso de Especialização em Saúde Mental para Contexto de Crise e Catástrofes.
Referência: Faro, A et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado COVID-19. Estud. psicol. (Campinas) vol.37 Campinas 2020 Epub June 01, 2020 https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200074